sábado, 26 de fevereiro de 2011


1808

                Sucesso de vendas, obra de Laurentino Gomes fruto de dez anos de pesquisa. Tecnicamente ou graficamente é um volume extremamente preocupado com a descrição do fato,logo exibe costumeiramente as supostas “provas” adepto a uma linguagem  em tom jornalístico.
            Inicialmente ao se tratar da história brasileira, desde então tida como “descoberta” pela corte portuguesa, uma característica é sempre notada pelos os que defino como os historiadores do dia.Estes são então chamados dessa forma por relatar os fatos históricos sem ter uma dada cobrança ou uma consciência da importância do trabalho realizado,e que consequentemente o principal interesse de que realiza é uma futura lembrança em termos de seus interesses.São inúmeros nomes que produziram e relataram literalmente no papel fatos públicos e principalmente curiosidades da época.Esse fragmento é bastante evidenciado por Laurentino como o próprio padre Perereca,português e relator dos principais fatos políticos da época de D.João no Brasil.Dessa maneira temos destaques nas áreas políticas evidentemente,econômicas,geográficas e de forma geral nas áreas administrativas,mas especificamente no setor interno que não era delimitado em suas bases.
            Logo Laurentino de início menciona a então chegada forçada de D.João que fugia de Napoleão e suas tropas, chegando em Salvador faz uma parada estratégica pela cidade ofecer uma boa localização para recuperação da viagem,muito embora esse ponto seja provocador de várias ideias pelos historiadores,o autor diz que o principal motivo era a Conjuração baiana que fez com que D. João fizesse essa parada para tentar controlar a situação onde os baianos inspirados na Revolução francesa buscavam obter uma separação da província.Mas os olhos eram para o Rio de Janeiro por ter certas variações climáticas e uma beleza que já tinha caído nos olhos do rei,de forma improvisada definiu suas instalações no Brasil enquanto em Portugal Napoleão já assumia o “comando”.Outro ponto importante nessa história foi à quantidade de material perdido na fuga as pressas,principalmente da Real Biblioteca de Portugal,inúmeras obras ficaram perdidas na lama decorrente da chuva que caiu no dia anterior á partida e principalmente a prataria portuguesa que também boa parte acabou ficando pra trás.
            D.João por sua vez é tido como medroso até mesmo com os próprios trovões das tardes chuvosas do Rio de Janeiro,como também nas principais decisões em que buscava apoio nos seus auxiliares.A economia se é que o termo pode ser usado dessa maneira, se dava ociosamente ,tendo a escravatura e diversas especiarias como aliada aos barões e marqueses,a escravatura foi a responsável também pelo enriquecimento de diversos traficantes, ao longo do passar dos anos,crescia o número de escravos e crescia junto o montante em espécie ao que tinha essa ação como meio de vida na época relatada.
            Outro fator preocupante era relacionado as condições de saúde pública.Lisboa como grande parte de Portugal já sofria com essa questão, e no Brasil com a cidade do Rio de Janeiro também não foi diferente entre outras,os hábitos higiênicos eram  totalmente repugnados nos dias atuais,não era difícil encontrar fezes nas estreitas e pequenas ruas,porém na tentativa de melhorar essa situação, escravos eram determinados a coleta domiciliar desses então citados dejetos,assim eram peculiarmente conhecidos após um certo tempo na tarefa por aparecer nas costas listas brancas  resultantes da reação da amônia com a uréia,observando ainda que a varíola era uma das responsáveis pelos óbitos, além de diversas outras que se impuseram mediante fragilidade da medicina da época.A segurança pública também enfrentava seus entrepostos,pois era de finalidade intervir  nas mais variadas questões administrativas,como ficava  a cargo de uma só pessoa já responderia assim por si as falhas  e posteriormente os erros existentes.
            Mais adiante da obra temos uma pergunta que Laurentino Gomes trabalha no livro intitulado de 1822,ela se refere a então volta do já aclamado D.João VI para Portugal,iniciado dessa maneira o processo de independência do Brasil.Vale lembrar que toda a corte Portuguesa foi escoltada pela esquadra inglesa imponente ao tratar-se de navegação,logo foi por esse motivo,ou seja as relações com a Inglaterra que D.João veio parar no Brasil, pois Napoleão instituiu o bloqueio continental em que Portugal não poderia atender por se tratar de um rompimento com as relações comerciais com os ingleses.Embora nunca a população portuguesa tenha aceitado essa saída,posteriormente a abertura dos portos e todas as vantagens atribuídas a própria Inglaterra,o descontentamento de seu povo foi inevitável.Novamente a Inglaterra tinha de certa forma controlado a situação com a prisão de Napoleão,mas a  Revolução do Porto foi o ponto culminante para a volta de um rei que aparentemente “voltava a sua casa”.
            Por fim,no capítulo que fecha todo o trabalho o autor Laurentino Gomes apresenta uma série de curiosidades sobre a pessoa de Luis Joaquim dos Santos Marrocos(Arquivista) e uma suposta filha chamada Joaquinna,o próprio Laurentino antecipa que a obra poderia ter acabado no capítulo anterior e que o seguinte apenas “fomentava” as visões de historiadores,entre tanto,a então obra também possibilita uma breve e simples reflexão sobre o nosso país.Diante de toda formação em níveis sociais representados pela delimitação intelectual,cultural e econômica.Será que o Brasil em mais de quinhetos anos de um suposto descobrimento,já deixou pra trás todos os resquícios e peculiaridades dos tempos de D.João?
            As mais variáveis respostas são inerentes a situação que o Brasil viveu,porém mais interessante é se observar-mos melhor as condições legislativas de nosso sistema de governo,por mais impossível e diferente que seja não estamos “de volta ao  futuro”mais sim ao passado.         




ENTRE O PENSAMENTO MEDIEVAL E MODERNO

Ao tratar-mos de modernidade tendo em vista o período reformista, evidentemente tratamos de um período de transição com bases e conceitos intitulados e instruídos de uma “força” significante em seus anseios
A transição feudal é um dos primeiros momentos em tempo histórico ao refletir o “caminho” das mudanças sociais, econômicas e políticas trazidas a luz de uma unificação de estados nacionais. Nesse determinado momento a igreja Católica Romana atuava como reguladora dos impostos por sua força de influência,a posição de um rei logo teve-se que unir-se em alguns segmentos em termos lucrativos voltados a sua participação.Porém o vasto alcance da igreja  muito interessava-os na tentativa de legitimar o próprio poder real,entretanto essa ampliação por parte da Igreja Católica devia-se a regulamentação por conta dos dogmas,onde serviam de ferramenta lucrativa  e de segurança institucional.
            O desenvolvimento do pensamento crítico,característica da mudança da época medieval para moderna foi pré-requisito para Reforma Protestante de Martin Lutero.Contudo essa revolução dentre seus diversos contribuintes,John Wycliffe,Jan Huss e Jean Calvin foram nomes de destaque nesse processo.O então Teólogo e professor Wycliffe da Universidade de Oxford na Inglaterra passara a questionar a hierarquia eclesiástica,como também a própria bíblia,onde deveria ser um bem de todos os cristãos e que a mesma precisaria estar disponível em diversas línguas.Lembrando que a mesma era restrita a igreja consequentemente sua linguagem predominante era o latim.Wycliffe vai mais além com suas críticas ao relacionar a necessidade de abolição das ordens monásticas,com isso o Papa Gregório XI declara a bula(carta magna) contra o que Wycliffe declara como sendo as dezoito teses.
            Jan Huss passou a ser uma representação dos princípios de Wycliffe na Boêmia.O seu principal questionamento  voltava-se também ao papado e sua autoridade  de oferecer a remissão  dos pecados através da venda de indulgências.Consequentemente é excomungado em 1410.Jean Calvin propulsor da doutrina que ficou conhecida por  calvinismo,foi também o responsável pela propagação dessa mesma linha de ideais na França,e com o movimento calvinista chegou em partes da Alemanha,essa já seria a segunda fase da Reforma Protestante,o seu ponto crítico reduzia-se a frase “pela fé sereis salvos” caracterizando o intuito de separação ou rupturas com determinadas práticas do cristão com a própria igreja.
            O destaque maior se dá ao então Martin Lutero professor de teologia,Lutero foi o principal nome dessa revolução contra a igreja Católica Romana,o mesmo contesta a liberdade de punição de Deus,onde poderia ser comprada,e principalmente as vendas de indulgências.Um feito significativo de Martin Lutero foi a tradução da bíblia para o alemão que propôs decorrentemente o acesso do livro em números significativos.Mas ao publicar as conhecidas 95 teses em 1517 e posteriormente a recusa de retirar as mesmas a pedido do Papa Leão X resultou também em sua excomunhão.
            Diante de toda essa situação,a Igreja Católica com a configuração desse momento passou a ter significativas percas territoriais e financeiras por parte da região da Alemanha,Inglaterra,França e países baixos.A Contra-Reforma foi a tentativa de retomada dos territórios perdidos através das novas doutrinas proclamadas,utilizando a Inquisição como o principal suporte para obtenção dos objetivos Católicos.O auge dessa tentativa de reorganização se deu com os Papas Adriano IV,Clemente VII após nove anos de governo Paulo III e Paulo IV,Pio V e Sixto V tidos esses últimos como os mais zelosos.Embora o ponto central fora o Concílio de Trento,uma reunião dos principais representantes da igreja na tentativa de reafirmar os princípios católicos,esse concílio trouxe significativas mudanças ou um equilíbrio através da instituição do Index Librorium Proibitorium" ( Índice de Livros Proibidos ), a renovação da arte sacra cristã,e a "Santa Liga" caracterizada como uma espécie de Cruzada contra os turcos otomanos dentre outras.
            Com isso,ao termos uma análise final,podemos concluir que todo esse processo desencadeado é a principal característica de uma época de mudanças,onde a base da época anterior pouco mudaria de um sistema escravocata para o dito sistema feudal.A igreja Católica por estar inserida nas duas fases históricas e atuante extremamente por fins lucrativos de forma intensificada como reguladora citado anteriormente, foi a que mais sofreu com essas mudanças,com isso a tentativa de recuperação  era inevitável.Contudo esses acontecimentos foram contribuintes para tempos futuros principalmente na questão do absolutismo e unificação de Estado,os reinos passam ter certas delimitações que praticamente constituíam todo um conjunto de interesses(mesmo com as significativas variações) para manutenção e obtenção de suas riquezas com o que seria conhecido como o mercantilismo propulsor das grandes navegações dos reinos  ou agora dos principais Estados.